25/06/2013

A Vida Teatral da Paixão



Não preciso nem forçar os pensamentos para sua lembrança dominar-me por inteiro

     Dessa vez não fora um noite, estamos em um complexo onde nossas mentes previnem nossas ações para não exaltarmos o que queremos realmente fazer. Cada vibração é um golpe de satisfação e prazer, um sentimento é tão claro e ao mesmo tempo nebuloso por ainda ressentirmos as dores do passado. Tentamos negar o que lá no fundo, a um tempo atras, teríamos total certeza.

     A força que nos uni, os laços que estão começando a envolver são visíveis aos menores olhos, são vividos e em uma manifestação etérea do que não conseguimos descrever em palavras. Fico calado apenas, admirando sua beleza, o formato do seu rosto, a textura do seu cabelo, seu sorriso e cada detalhe de sua pela, saciando assim minha vontade de te ver e aumentando cada vez mais minhas outras vontades, então começo a te provar aos poucos, um beijo meigo, sentindo o aroma do seu perfume, um carinho delicado em seu rosto com o meu, deslizo minhas mãos suaves sobre seu braço, alcançando sua mão, seguro forte mostrando um toque de posse, sorrio mostrando diversão, me aproximo com sinal de atração e então começamos a nos sentir com mais intensidade, mordidas e beijos profundos, toques mais íntimos e carícias mais elevadas, um beijo é só o começo e talvez o final desse dia.

     Os locais são muito importantes, inspiram, músicas e álcool são indispensáveis, tudo para tornar um momento único em eterno, mas nesse dia, nada aconteceu, não havia privacidade, romantismo ou qualquer prospecção de uma noite sagaz e feroz, estávamos onde queríamos estar, juntos, porém a presença constante de um público impedia qualquer avanço expressivo.

     Estávamos nós atuando para a sociedade, em um palco recém improvisado, inédito, impedidos, oprimidos, envergonhados, mas vivos um do lado do outro e com o sorriso escondíamos toda a frustração e o medo da má interpretação dos mais próximos. Loucos em plena luz do dia, encontramos em uma atuação romântica de um romance a prisão para nossos instintos mais ferozes.

Atuamos, porque a realidade dos nossos pensamentos nos eram proibidos