Birdy-Not About Angels
Entre todas as frases que consigo escrever apenas as
que faltam conclusão conseguem ser expressas com total exatidão. Sinto que
enquanto traço meu panléxico divago pelos caminhos confusos de minha mente o
que resulta em uma perda incompreensível de minha habilidade de manter o nexo.
Enquanto escrevia o predecessor a esse que tratava
um acontecimento rotineiro exclusivo de uma data anterior a atual, um
específico e oscilante ponto de vista que costumo ter sobre determinadas situações,
deparei-me novamente com a desconstrução continua e a construção de algo
completamente inesperado que brotava entre as palavras, dando uma nova vida e
um novo sentido a narrativa.
Debruçado sobre os papeis percebo que consigo
encontrar as palavras certas para o começo apropriado, porém na entrada para o
segundo parágrafo começo a fluir em uma imersão de pensamentos interligados por
um fio fino de ideias naturais e espontâneas que logo começam a ganhar vida e
sobrescrever o sentido antigo, fugindo da temática original e alterando
completamente o sentido moral da construção. Deixando o meio com um tom um
tanto abstrato e sem idealizações ou surpresas compreensíveis.
Resolvi então escrever sobre esse tipo de escrita
que carinhosamente chamo de escrita anacrônica, consentindo em uma idealização
para um personagem que não consegue concernir suas próprias ideias e enquanto pensa
em algo, o que é bastante natural durante todo percurso da vida humana,
desanexa-se completamente para um novo tempo, usando como ensejo os pensamentos
anteriores, construindo o que muitos chamariam de erro.
Confesso que até pouco tempo também erroneamente o
tratava, mas é verdade que de tantas vezes errar se aprende a criar afeto com o
mal que acompanha. Mal este que pode ser admirado por outros que sintam aquilo
que sinto enquanto tento fervorosamente descrever. Por fim mantenho minha linha
descritiva com sentidos menos ortodoxos que meus antecessores porque em cada
tempo existe uma ideia e cada ideia deve ser vivida em seu tempo.