Com um copo melancólico eu bebia a vida, tornava-a inconfidente fiel de minha embriagues distinta, sobre a qual julgava moralmente a todos, achando-me superior a suas pequenas hipocrisias. Mal sabia eu estava preso em um pensamento escroto que me levaria a ruína, cada ação que tomava, pessoas que desprezava afirmando fortemente suas companhias desprezíveis. Achando que tinha o direito de decidir o melhor para elas, qual cor usar, o que falar, chegava até a não aceitar erros já previstos caso não me obedecessem. Percebi então algo muito importante, eu também sou assim.
Um único erro em minha vida me fez rolar degraus a baixo da escada em que me colocava, talvez alto demais, ilusão criada pela confiança e confidencias, pecado que me custo a vida, caído nas armadilhas que sempre fazia, derrotado, desvendado e humilhado perante o mundo secreto vivo apenas em mim, hoje uma sombra paira sobre meu corpo, talvez ela quem tome as decisões e me obrigue a caminhar. Quem sabe meu poder era tamanho em outrora que minha sombra acabara ficando com os resquícios de minha imponência e intelectualidade e assim erguendo-se sozinha em minha alcova e tomando decisões que não consigo mais decidir.
Surto-me aos pouco quando vejo meu passo magnífico, trabalho com as letras porque tenho um certo apresso pelas palavras, parte do meu ego adora ler o que escreve, parte adora ver outras pessoas mudarem perspectivas apenas com um toque de literatura provida de pouco conhecimento e muitos sentimentos confusos. Vejo-me com um argueiro hoje, cobrindo um passado não muito distante com o medo tenebroso que apenas ele me traz, venho através das palavras revelar alguém que nunca se mostrará novamente.
O homem que se enconde atras das próprias sombras