14/07/2013

Diário Noturno II


     Mais uma vez sento a observar as pessoas, hoje meu coração está saudoso, feliz, talvez uma música realmente possa mudar um perspectiva. Observo sem escutar, pretendo com esse desafio decifrar os gestos e os jeitos daqueles que passam ou que estão parados ao alcance da minha visão. Seguro forte em meu caderno de bolso e deixo que minha mão mova-se livremente, como quando estas a andar de cavalo e quer fazer com que ele corra, primeiro você segura sua vontade depois libera a rédia e com ela segue a fúria do animal dominado.

     Minhas escritoras ganham vida rapidamente. Existem muitas folhas, falsas decepções, uma blusa escura, sua voz penetra por entre a imaculada música, sem gritos, apenas um pequeno tom acentuado que a distingue entre as que se esforçam, não demora muito e sai, deixando para trás uma marca facilmente esquecida, porém uma marca.

     Viro corpo em outra direção e percebo um olhar impaciente, talvez tanto ou até mais que o escritor repousando em observação cautelosa. Escreve mensagens que não podem ser lidas incomodando-se com o fato de não saber o que estou a tanto escrever, se imaginares que é o motivo de minha caneta não parar provavelmente tomaria alguma atitude pouco agradável. Força os olhares discretamente sobre as folhas a serem rabiscadas e eu retorno com completa indiferença, ainda não chegou a hora a abordagem.

     Descrevo-a impaciente, cabelos escuros de tonalidade clara, pele branca o suficiente para ver o rosado de suas bochechas enquanto espreita o mundo ao redor. Com uma blusa xadrez roxa, uma relógio e de puceiras douradas porta uma bolsa simples, normal; o celular preto tem uma capa combinando com a blusa.

     Não sei ao certo o que mais me chamara a atenção nessa garota, talvez o silencio inquietante ou a solidão compartilhada, a forma em que olha, sua seriedade abstrata de uma pessoa preste a explodir, querendo e necessitando mudanças.

     Tão parecida comigo, expresso admiração pelas semelhanças, pertencente de um mundo onde os pequenos detalhes fazem grandes diferenças, um lugar repleto de recordações e simples passados. Finalizando minha observação visual acho graça da sua trite mas doce inquietude.

Uma conversa foi iniciada, em resumo, tipicamente sublime...