19/08/2013

Conto - Doce Amor, Eterna Dor


A inspiração que brota das veias no ímpeto amargo.

     Um dia inteiro de preparação, hoje ela virá depois de tanto tempo sem vê-la, tem que ser perfeito, tenho que me esforçar o máximo e mesmo assim não será o suficiente para em relação ao que merece. Em cima do condomínio havia um terraço e esse será o local perfeito para o meu grande final, estou tão ansioso que meu coração mal consegue segurar em meu peito, hoje pedirei a mulher que habita meus sonhos em noivado, estou tão feliz.

     Um viajem precisamente longa, não vejo a hora de chegar na casa dele, deve está aprontando alguma surpresa maravilhosa, se bem conheço aquele bobo provavelmente fará uma mini festa para mim e não medirá esforços, por mais que eu peça que não quero nada de especial vou adora ser mimada depois de tanto tempo, gosto tanto dele e queria realmente que desse certo entre nós, dessa vez vou fazer valer a pena, sem mais precedentes me esforçarei para faze-lo feliz assim como ele se esforça para tirar um simples sorriso do meu.

     O carro dela parou a frente, estou a olhar do parapeito e ainda nem terminei toda a arrumação, aqui será perfeito mas precisa antes que esteja perfeito, vou correr, para colocar o que falta no lugar antes que estrague a surpresa, calculei errado o tempo de chegada dela, não devia ter cochilado aquela hora depois que acabamos de conversar pelo celular, mas sempre que conversamos sinto aquele peso no corpo, uma sonolência tão gostosa que envolve meu corpo, fazendo qualquer suporte levemente inclinado um local para o descanso perfeito, mesmo assim não poderia ter adormecido daquela forma.

     Finalmente cheguei, será que ele está a me esperar ou se esqueceu que eu vinha, duvido muito, provavelmente estou me contradizendo com pensamentos tão difusos porque causa do nervosismo que estou sentindo, enquanto viajava tinha a certeza que seu cheiro havia passado por mim em alguns momentos, estou desejando tanto aquele abraço que só ele sabe me dar, parece que me encaixo perfeitamente em seus braços, adoro ele e a ansiedade só não é maior do que a demora desse elevador em abrir para que eu possa subir e encontrar o meu amado.

     Ao abrir a porta do elevador ela teve sua primeira surpresa, alguém especial a esperar com um enorme buquê de rosas vermelhas recém cultivadas, sendo extremamente perceptível o aroma natural que provinha daquelas lindas flores, mas a euforia foi tanta que os detalhes foram deixados para após o deleitoso beijo com direito a soltar o que estivesse nas mãos ao chão para um apoio melhor, tão feroz e ao mesmo tempo tão romântico, um elevador, rosas largadas aleatoriamente por todo o elevador e dois amantes em seu primeiro ápice de euforia e êxtase.

     O dia continuou e cada surpresa preparada teve seus efeitos alcançados das formas mais agradáveis possíveis, um dia memorável para dois amantes que se distanciaram apenas por uma jogada do destino, ela em sua plena consciência de atos e estudos fora chamada pela empresa que trabalhava a realizar uma pesquisa fora do país que chegou a durar intermáveis dois anos e meio longe do seus tão aguardados abraços calorosos que hoje a contemplam de formas que ela já esperava, mas pelo demasiado atraso, recebidos com tamanha surpresa como fora da primeira vez.

     Faltando as duas principais surpresas, levava-a para o eirado, onde pretendia dar-lhe o complemento e o motivo de cada atitude que tomou no dia que seguiu. Lá chegando, admirou por alguns segundos a fascinação estancada aos olhos de sua tão querida amada, o local ficou perfeitamente posicionado sobre o lindo céu de estrelas agraciados pela lua que em sua forma mais plena iluminava todo o cenário, cena vivida apenas uma vez em toda a vida. Sobre o fascino das estrelas ela o vê se agachando lentamente em sua frente, seu coração palpita com o tão desejado pedido que poderá acontecer, não existindo palavras suficientes para descrever as emoções produzidas. O pedido de noivado foi aceito e os dois amantes vivam o momento mais feliz da vida, e particularmente, o mais esperado.

     A noite acaba e os amantes estavam a deleitar toda a magia e romance quando o sol começa a queimar a pele desnuda de ambos, os forçando a deixar o local marcado pelo grande amor ali presente, ela então se veste e com o sorriso ainda maior que o da noite anterior se despede dizendo que voltará em breve, mas precisará passar em casa para avisar a todos a notícia, então em despedida eles se tocam de forma suave, o momento e tudo que já viveram parecia finalmente ter se completado o sentido. Se despedem ainda no terraço, ela entra no elevador; ele sente uma sensação estranha de saudade então vai até o parapeito esperar sua amada passar para contempla-la com gestos de amor aos céus, posicionado como sempre ficara aguarda pacientemente.

     Sempre pensamos que somos eternos até que o destino nos mostra como efémero é a carne e o barro do qual viemos, ainda no parapeito do prédio, Eduardo sente uma brisa fria, forte sobre o seu corpo o impulsionando para frente o fazendo cair doze andares em direção ao final de sua curta e amada vida. Ao parar do elevador ela ainda estava ao telefone contando para a mãe do pedido de casamente que fora feito por seu amado e pouco antes de sair do prédio onde se localizava ela vê a sua frente o seu amado se desfazer em um profundo impacto no chão, impacto tão forte que atingira parte da sua alma, deixando-a imóvel e aterrorizada, seu corpo não respondia a nenhuma ação que se propusera a realizar.

     Em dor e agonia o tempo passou, tratamentos, remédios, sessões e terapias, nada parecia acalmar o coração da pequena menina que agora se via presa a lembrança daquele que nunca mais poderia amar ou sentir seu cheiro, nem se completar em seu abraço. Arrependimentos e lamentos era tudo que consegui produzir em suas palavras, mas nada era bastante ou suficiente para abradar sua profunda melancolia e tristeza catatônica. Até que um dia, em um sonho, ela escutou a música que seu amado haveria composto em morte.

O final poderia ser diferente, mas nenhum dos autores se dispôs as mudanças.