06/08/2013

Conto - Pesquisadora de Sonhos I


O que podemos definir
como podemos definir
onde podemos definir

     Somos tão parecidos, mas eu projeto o que quero ver e não o que realmente existe, um espelho translúcido em que posso olhar com perfeição seus detalhes e ainda ver em seu reflexo o melhor que posso ter. Um sonho é a base de sua pesquisa, um prazer furtivo ao meu designo prioritário, um desejo oculto e intrínseco ao meu ser. Brinquemos então com as emoções mais perigosas construindo e destruindo novos horizontes.

     Ainda não te conheci, duvido muito que um dia a conhecerei, estava conversando com meus colegas então me chamaram a atenção em você, fiz as perguntas de sempre, crenças, gostos, percebi que já havia te encontrado antes e me lembrei que possuía uma tatuagem no pescoço referente ao horóscopo de Áries, então a perfilei e comentei o que tinham que fazer para conseguir chamar sua atenção. Um dos lá presente com zombamentos, aceitei como de costume e fui ao seu encontro, havia cinco garotas conversando com você quando cheguei pedindo uma informação.

     Pelo perfil que já havia traçado você deveria ter problemas familiares principalmente com seu pai, então não poderia aparecer como um instrutor, caracterizando uma pessoa séria e decidida, pela tatuagem presumi que era ariana e não só acreditava como também gostava do que os signos tinham a dizer, assim presumi toda a espontaneidade que poderia ter, seguido de um gênero onde as virtudes poderiam ressaltar o seu lado mais livre com alguma tipicidade específica propensa a liderança, ou seja, gosta de dar concelhos e de ser admirada por seus atos.

     Baseado nos conceitos predefinidos pedir-lhe uma informação seria o mais coerente a realidade, mesmo que na aparente circunstância. Com uma aproximação bem tímida perguntei informações sobre a faculdade como se estivesse com uma grande dúvida sobre o que deveria fazer, comprovando a perfilamento, logo já era o centro das atenções, quando mais respondia minhas perguntas mais se desconectava das amigas, mesmo sem perceber já estávamos caminhando juntos, então começou a perguntar detalhes simples sobre mim e os passei como esperado, assumindo uma nova postura mais centrada ao seus gestos induzindo-a a uma nova perspectiva e conduzindo ao encontro dos meus colegas.

     Chegando ao local a apresentei a todos como um sinal de educação, aquele que menosprezou minhas palavras agora tentava me rebaixar para a garota me cumprimentando pelo meu ótimo trabalho, dizendo que eu era realmente muito bom entre outros detalhes, o que ele não previu é que eu já sabia que ele faria isso e usaria contra mim de uma forma a revelar toda a minha intensão inicial, no engajo assumi a culpa sem culpa nenhuma e com o olhar centrado ignoramos todos ali presente e expliquei que o objetivo era provar um ponto específico, se o perfil construído por mim era de fato real.

     Nesse momento esperava qualquer reação de repulsa, qualquer momento de raiva, nesse ponto me surpreendi porque simplesmente me perguntou algo aleatório totalmente fora de contexto, se o transporte no qual me locomovia para a faculdade era de fato agradável , expliquei que o sentido de economia/conforto se completavam de maneira aceitável. Com um sorriso muito parecido com o meu, olhando fixo com olhos baixos e expressão maquiavélica me envolveu em um golpe de sentidos irracionais despertando uma face pouco explorada, a minha limpa atenção sobre tudo que estava a acontecer, via em seus olhos não mais a ariana típica. Estava a deparar com uma pesquisadora.