07/10/2013

Meu Cruciato

Estar-se preso por vontade.

     Qual outro propósito devemos atribuir a uma muralha. A princípio começou pelo primeiro ataque da vida, agora sei que deveriam ter existido pessoas por mim naqueles momentos, mas conforme fui crescendo os ataques continuaram, sempre só eu caia no duro chão da realidade me ferindo o suficiente para desistir de viver e algumas vezes eu tentei até perceber que poderia construir uma muralha com o sangue que escorria do meu corpo e assim começou minha história.

     O tempo foi passando e a muralha crescendo, os duros ataques da vida não me atingiam mais da mesma forma, eram suportáveis, acredito ter criado uma resistência natural aos acontecimentos, mas era perceptível que a cada gota de sangue que derramava na construção da muralha, retirava um pouco de mim, da minha índole. Construída, percebi que preso não poderia ter ações no mundo exterior então separei de mim o que acreditava ser importante, meus sentimentos e minha essência daquilo que não continha significância. Ainda era muito novo para entender que apenas o que tem contato com o mundo exterior evolui, muito imaturo para perceber que essa ação definiria meu estilo de vida para sempre, acreditando que poderia simplesmente abrir as portas da muralha mais uma vez quando assim desejasse, esse foi meu erro.

     Atribuindo uma caráter forte de virtudes dificílimas permiti sua saída e rapidamente conquistou todo o exterior, fique realmente surpreso com aquele que libertara a velocidade e precisão com que agia, uma versão perfeita de mim, livre de medo e não se importando com a carga que tivesse que aguentar, manipulando e destruindo para conseguir o que queria, mas nunca desobedecendo as virtudes básicas. E cada vez mais fui sentindo a falta de importância que tinha, um ser sem sentimentos, sem o que é próprio a essência poderia ser quem quisesse, enquanto eu só atrapalharia. Minha solidão só se completa com o sentido desse texto.

As emoções não são reais então também não sou real.