O que reservou para mim hoje?
Todos os dias ao acordar pergunto olhando as estrelas, meu consciente entende minha inferioridade em clamor ao divino, seja personificado ou aleatório. Tenho a concepção que o ser é aquilo que acredita ser e que cada um obtém a capacidade de chegar ao ponto em que deseja, demarcando trajetórias, obstáculos e sempre com o foco, assim e somente assim se sentirá realizado no final da trajetória.
Travei meu percurso com a difícil construção de um muralha em torno de minha psiquê, bloqueando todos os sentimentos que pudessem entrar ou sair, não deixando seguir por nada além de minha fria concepção, olhando o mundo analítico e sinético, sem distorções próprias ao ser, não permitindo tais falhas de caráter. As emoções são como os condimentos colocado em uma comida, quando dosado de forma correta temos um efeito agradável e surpreendente, quando demais o alimento perde sua essência, ficando desagradável e fora das degustações. Então se não clocado no alimento nenhum condimento, é perceptível seu gosto original, o fundo de sua essência, sem máscaras ou ilusões, foi esse o caminho que escolhi, sem condimentos.
Admito que fiz a escolha certa para meu tipo de vida, para minhas condições, nunca fora difícil separar o que é real da ilusão da mesma forma que nunca foi difícil iludir os outros que tentavam comer dos meus pratos, quando se conhece a essência, fica demasiadamente fácil projetar o desejo sobre a vontade alheia e ocultar o verdadeiro sentido, ou melhor, ocultar o verdadeiro que existe em si.
As vezes sinto dores dentro do meu ser, acho que seja meu verdadeiro tentado se mostrar, tentando sair, procurando uma brecha em minha muralha, procurando um caminho para a luz, porém sei que nunca encontrará, não sem minha permissão, porque a estrutura que criei é inabalável e não existe portas para visitação. Sinto seu desespero crescer, com ele sinto também dores internas, sofrimentos e necessidades de ter alguém.
As vezes me acordo com esse devaneio de ser feliz.