29/10/2013

Paz Interior

A paz invade aos poucos.

     Adentra a moradia com o intuito de conquistar tudo que toca e que com o jeito sorrateiro e cauteloso invade os cômodos pela base, subindo lentamente, enquanto pressiona sua entrada pela porta, que corajosamente a bloqueia, delegando a sua opressora uma posição cada vez mais firme. Logo a força que lhe foi atribuída não era o suficiente para segurar-la, então cede e em seu ultimo estouro mostra que realmente fez o possível para mante-la fora.

     A calma elevação sobre tudo que estava preso, torna-se a rápida e esmagadora vontade da natureza sobre o designo falho do homem, sobre a certeza que pudera ser um dia o criador de sua própria criação, destruindo cada evidencia tocada, esmagando com forte desejo de destruição, mesmo que inanimada era expressivo sua vontade em destruir tudo dentro daquele local, a fúria que nem os maiores instintos seriam capazes de produzir.

     Sentado em sua cama em uma pose habitual a seus costumes, a pose da lótus, de difícil reprodução para aqueles que não a praticam com tamanho empenho quanto a graça da meditação que está a fazer, mesmo em sua calma sabe que a casa fora invadida e nada pode fazer para deter o fluxo da natureza, apenas se entregar a sua imensidão e deixa-se tomar pelo mesmo fluxo que trouxe o ar da sua vida. Esta ali parado não quer dizer que desistiu de viver, mas que aceitou a passagem, como a porta que não conseguiu suportar a pressão e explodiu no final, sabe que a luta seria inútil.

     Como já havia previsto, a água penetra em seus aposentos com a mesma força que destruiu tudo em seu caminho. Alguns segundos antes de ser atingido, o ser que procurava o equilíbrio entre as pontes sente o tempo parar, a pressão aumentar, o frio rápido chegando, sabe que o fim está a frente e que esse seria seus últimos pensamentos, então lembra-se do seu objetivo inicial, o que te trouxe aquele lugar e o que fez ficar esperando por dias por aquele momento. A água acerta-o.

     Abre os olhos, desfaz a pose em que manteve por três dias e se levanta com a mesma força com que começou a meditação, estica os braços em direção ao fluxo do vento que corre forte naquele local, um monastério localizado em uma das montanhas mais altas da região. Sentindo o ar puro ele sorri por ter alcançado o objetivo que esperava a tanto tempo, sua fé em sua capacidade perdia apenas para a fé que tinha sobre o divino que o guiara até aquele local.