Hoje só a dor me faz bem.
Tentei esquecer até não
conseguir mais para de pensar, a flor que existia em meu peito murchou e foi substituída
por uma praga, uma erva daninha que mata tudo de bom que tenta surgir, o
problema é que apenas dela tiro o conforto que preciso, acabei acostumando com
essa dor, porque é a única lembrança que tenho de você.
Não deve ser fácil para
ninguém, muito menos lembrar as coisas como lembramos. Uma história não deveria
acabar como um sopro de medo no deserto, não deveríamos ter acabado da mesma
forma que começamos, é cruel, eu sei que ultimamente tenho feito com todas que
passam pelo meu caminho, apenas me esgueirado na sorte e na imparcialidade,
apenas suplicando e olhando para cima, fechando a mão com tanta força que rasgo
minha pele sem perceber, querendo algo que não posso mais ter.
Meu olhar não diz nada, sem
esperança, uma alma livre jogada ao chão por vontade própria, sofrendo e
chorando pelos cantos sem querer algo mais, sem desejar ser salvo, a metade da
metade de quem já fui um dia. Acostumei com essa condição reforçando minha
posição nesse mundo como um nada, algo aleatório. O pior é que imaginar nossos
dias mais felizes me causa dor e sei que voltasse eu seria feliz novamente, mas
não iria conseguir aceitar-te novamente porque a dor sessaria e hoje não
consigo mais viver sem essa erva que você plantou.