Não vejo mais a cor dos seus olhos
nem sinto o sabor da sua boca.
Não tateio mais a textura de sua pele
nem ouço o som da sua voz.
Nos perdemos no tempo de nossas lembranças
e subitamente desaparecemos.
Suas fotos deixaram de
causar a euforia de outrora, mas ainda sinto no peito arder a fagulha das lembranças
que foram proporcionadas em vários momentos principalmente os que nunca
existiram, nossas fantasias que por muitas vezes traduziam todo o sentimento
que trocávamos desperta em mim o fogo da vontade de lutar por você.
Não procuro mais por conforto,
acredito que não procuro mais. Estranho expressar dessa forma algo que fora
importantíssimo para meus conceitos e idealizações agora vejo esvair-se por
entre os dedos de minhas saudosas mãos. Vê-la partir também me ensinou a ser
humilde, respeitar, rever os conceitos nos quais me constituía, claro que
fiquei cético, você, mesmo que por pouco tempo, fora a pessoa mais importante e
hoje desapareceu deixando todo o vazio que podia deixar, mas a quem posso
culpar senão a mim mesmo.
Parto, com mais um pedaço da
minha alma jogada ao vento das ilusões que não se concretizaram, para onde meus
pensamentos não possam acompanhar o meu corpo porque neles se passam apenas a
verdade de minha derrota, o motivo claro do porquê da sua distância.
Quando olhamos nos olhos e
não vemos nada, sentimos o mistério nos rodear e a dúvida sobre aquela pessoa,
a fascinação e o desejo de desvenda-la, mas quando observamos seu interior e
vemos que realmente não existe nada além de um borrão negro, ficamos com medo,
desespero e nos afastamos daquela criatura por precaução, nos afastamos.
Desculpe-me por ser assim,
nunca quis lhe machuca.