14/01/2014

Distância



Não vejo mais a cor dos seus olhos
nem sinto o sabor da sua boca.
Não tateio mais a textura de sua pele 
nem ouço o som da sua voz.
Nos perdemos no tempo de nossas lembranças 
e subitamente desaparecemos.


Suas fotos deixaram de causar a euforia de outrora, mas ainda sinto no peito arder a fagulha das lembranças que foram proporcionadas em vários momentos principalmente os que nunca existiram, nossas fantasias que por muitas vezes traduziam todo o sentimento que trocávamos desperta em mim o fogo da vontade de lutar por você.
Não procuro mais por conforto, acredito que não procuro mais. Estranho expressar dessa forma algo que fora importantíssimo para meus conceitos e idealizações agora vejo esvair-se por entre os dedos de minhas saudosas mãos. Vê-la partir também me ensinou a ser humilde, respeitar, rever os conceitos nos quais me constituía, claro que fiquei cético, você, mesmo que por pouco tempo, fora a pessoa mais importante e hoje desapareceu deixando todo o vazio que podia deixar, mas a quem posso culpar senão a mim mesmo.
Parto, com mais um pedaço da minha alma jogada ao vento das ilusões que não se concretizaram, para onde meus pensamentos não possam acompanhar o meu corpo porque neles se passam apenas a verdade de minha derrota, o motivo claro do porquê da sua distância.
Quando olhamos nos olhos e não vemos nada, sentimos o mistério nos rodear e a dúvida sobre aquela pessoa, a fascinação e o desejo de desvenda-la, mas quando observamos seu interior e vemos que realmente não existe nada além de um borrão negro, ficamos com medo, desespero e nos afastamos daquela criatura por precaução, nos afastamos.

Desculpe-me por ser assim, nunca quis lhe machuca.