17/09/2014

O Livro, A Rosa e Uma Xícara.


Goo Goo Dolls - Iris

Sentou em sua poltrona como de costume para mais uma leitura, escolheu o livro velho jogado em cima da estante. Decidiu que finalmente cumpriria com a promessa que havia feito a bastante tempo para alguém de um passado muito distante.
Começou a ler e logo parou, em forma de sede a ansiedade havia invadido seus pensamentos, precisava de algo, e nada combinaria melhor com uma leitura senão o chá que tanto degustava.
Assim o fez, quente e encorpado, de cheiro reconfortante com toques de nostalgia, porque muitos foram os momentos bons que viveu com o aroma de um agradável chá. As manhãs no interior quando acordava e sua mesa já pronta estava por sua queria e saudosa figura materna, que abraçava e dizia com a felicidade exposta em seus olhos o mais bonito bom dia.
Voltando à sua poltrona com a dispersão no sorriso encontra conforto no acolchoado que raramente valoriza, porém nesta tarde de um domingo chuvoso a paz invadia e completava aqueles pequenos sentimentos que normalmente faria uma pessoa sentir o vazio e a solidão.
Voltou o livro à altura dos olhos e percebeu que havia uma mancha avermelhada que saída da dobra e passava em poucos centímetros das margens internas, começou a encarar o detalhe tentando lembrar o que poderia ter causado tamanho borrão.
Ementou que a mesma pessoa que lhe agraciara com o livro também era aquela a quem havia prometido ler, logo pensamentos antigos voltaram e com eles os momentos mais íntimos. A ligação existente entre seus olhares, o romance sempre presente nos mais diversos gestos, cada detalhe era especial e foi exatamente nos detalhes que encontrou a resposta para sua dúvida.
Lembrara que a primeira vez ao abrir o livro encontrou uma rosa desidratada posta em perfeito estado de conservação sobre a primeira página, esta que com o tempo começou a soltar sua pigmentação rosada manchando para sempre aquele que seria um dos presentes mais afetuosos que ganhou.
Logo mais percebeu que entre devaneios o tempo avançou e assim como a chuva o dia também havia passado. Resolveu adiar a leitura por mais alguns minutos, apenas o tempo de olhar como a natureza havia agido sobre seu quintal.

Uma nova ambientação se instaurava sobre o jardim, resquícios de água nas flores, gramado umedecido, a serena e calma sensação que apenas o pós-chuva pode oferecer, uma atmosfera perfeita para a leitura. 
Voltando a sala segurou o livrou, passou pela cozinha e serviu outra xícara de chá, voltou ao quintal e em seu quiosque começou a leitura que dessa vez seria feita sem interrupções.