Sentou em sua poltrona como de costume para
mais uma leitura, escolheu o livro velho jogado em cima da estante. Decidiu que
finalmente cumpriria com a promessa que havia feito a bastante tempo para
alguém de um passado muito distante.
Começou a ler e logo parou, em forma de sede a ansiedade havia
invadido seus pensamentos, precisava de algo, e nada combinaria melhor com uma
leitura senão o chá que tanto degustava.
Assim o fez, quente e encorpado, de cheiro reconfortante com toques de
nostalgia, porque muitos foram os momentos bons que viveu com o aroma de um
agradável chá. As manhãs no interior quando acordava e sua mesa já pronta
estava por sua queria e saudosa figura materna, que abraçava e dizia com a
felicidade exposta em seus olhos o mais bonito bom dia.
Voltando à sua poltrona com a dispersão no sorriso encontra conforto
no acolchoado que raramente valoriza, porém nesta tarde de um domingo chuvoso a
paz invadia e completava aqueles pequenos sentimentos que normalmente faria uma
pessoa sentir o vazio e a solidão.
Voltou o livro à altura dos olhos e percebeu que havia uma mancha
avermelhada que saída da dobra e passava em poucos centímetros das margens
internas, começou a encarar o detalhe tentando lembrar o que poderia ter
causado tamanho borrão.
Ementou que a mesma pessoa que lhe agraciara com o livro também era
aquela a quem havia prometido ler, logo pensamentos antigos voltaram e com eles
os momentos mais íntimos. A ligação existente entre seus olhares, o romance sempre
presente nos mais diversos gestos, cada detalhe era especial e foi exatamente
nos detalhes que encontrou a resposta para sua dúvida.
Lembrara que a primeira vez ao abrir o livro encontrou uma rosa desidratada
posta em perfeito estado de conservação sobre a primeira página, esta que com o
tempo começou a soltar sua pigmentação rosada manchando para sempre aquele que
seria um dos presentes mais afetuosos que ganhou.
Logo mais percebeu que entre devaneios o tempo avançou e assim como a
chuva o dia também havia passado. Resolveu adiar a leitura por mais alguns
minutos, apenas o tempo de olhar como a natureza havia agido sobre seu quintal.
Uma nova ambientação se instaurava sobre o jardim, resquícios de água
nas flores, gramado umedecido, a serena e calma sensação que apenas o pós-chuva pode oferecer, uma
atmosfera perfeita para a leitura.
Voltando a sala segurou o livrou, passou pela cozinha e serviu outra xícara de chá, voltou ao quintal e em seu quiosque começou a leitura que dessa vez seria feita sem interrupções.
Voltando a sala segurou o livrou, passou pela cozinha e serviu outra xícara de chá, voltou ao quintal e em seu quiosque começou a leitura que dessa vez seria feita sem interrupções.