12/07/2013

Diário Noturno I


     Uma bobagem. A cada palavra que escrevo parte de mim muda, prisão formada pelo medo, sem um caminho lógico a se seguir deixo o acaso entrar e seja, talvez, a única e verdadeira forma de aceitar o criador.

     Em um caminho sem sentido só existe a busca, a pergunta, para onde ir mesmo que obvio, há sempre muitas outras alternativas e ninguém saberá dizer qual a melhor. Ódio, paixão, angustia, fé, raciocínio e introspecção, não conseguimos alegamos certeza nem sobre o que temos de mais sagrado, não vivemos de pecados que cometemos, apenas nos punimos eternamente achando que se não tivesse feito seria melhor.

     Quando acorda olha o teto limpo da casa, cheio de teias de aranha, sem nenhum forro que possa esconde-lo, talvez um xícara de café verde, um terço colorido, um anel preso a uma corrente, um papel rasurado a sua mesa, uma força que estará presente mas adormecida, o que se vê são fagulhas de um ser tentando viver, assim como a vida representa uma insignificante transição inevitável até a morte.

     Tomo o café lentamente, sentindo suavemente o queimar da minha garganta então me delicio do seu gosto amargo e sem açúcar, me recuso a adocicar a minha vida com esses enfeites paliativos que conduzem toda uma sociedade que se julga pensadora de seus próprios atos. Tenho em mente também uma conversa com o destino que subitamente mandará uma mensagem solitária a noite antes de dormi dizendo, precisamos conversar.

     Vejo a mensagem como um chamado para a guerra, juntos ou separados, já estávamos em luta, porém ele não me explicou qual a razão ou motivo que puderá te mover ao caminho tão sério, íntegro e com palavras simples me expressou uma vontade, nessa deixou apenas o anseio sobre os acontecimentos seguintes.

     A sempre um motivo para tudo, mesmo que não saibamos, escrevo por um motivo, esse maior que meus sentidos, transmitindo uma passagem, sendo histórias minha ou não, vejo-me no espelho todos os dias e cada vez mais vejo o nada refletindo. Um ser que desaparece aos próprios olhos e fica cada vez mais presente aos olhos alheios, um tipo quente e arrasador, inigualavelmente implacável, surreal e arrebatador, ousado, instintivo e ao mesmo tempo fiel, uivando noite a dentro nos menores e mais abertos lugares que encontrar. 

Noites apos noites a vida continua clara e sem sentido.
Ao fim releio refazendo 69% de alterações.