23/10/2013

Amor Platônico

Eu pertenço inteiramente a você.

     Nunca saberá do verdadeiro amor, da minha obsessão por sua felicidade, da compulsividade em tentar substituir esse sentimento ou transporta-lo para outra pessoa. Assim foi marcado em meu peito desde minha infância, hoje sua presença nem deve existir mais, mas o platônico, o amor não morreu com o tempo. Cada segundo que lembro daqueles momentos em que estávamos juntos, nunca sós, mas juntos, quando segurava sua mão, tentava apertar tão suavemente para não te machucar, como se tocasse em plumas e qualquer gesto brusco pudesse te afastar, cuidei de você mesmo sem que soubesse, mesmo que nunca tivesse visto o que eu fazia diariamente para te manter ao meu lado, esperando atenciosamente suas palavras, sempre que falava, e adorava o som da voz que saia da sua boca, a cor da sua pele, o formato do seu sorriso, seu jeito tímido me encantando com sua mágica no olhar. Depois que partiu eu fiquei a te procurar em outros rostos, outros lugares, outras bocas, sempre com o meu padrão que era você.

     Por gostar tanto, os sentimentos atrapalhavam meu raciocínio e não conseguia falar, me expressar, introduzir uma conversa, tudo acontecia apenas em meus pensamentos que procuravam o mínimo de perfeição, para assim poder chegar aos seus pés, mas para uma criança a ideia de perfeição é uma pressão maior do que sua própria compreensão e mesmo já tendo passado tanto tempo sem sua presença, no reencontro meu coração acelerou, senti frio e calor ao mesmo tempo, fiquei nervoso como só você consegue me deixar, então ouvir sua voz doce chamar meu nome e mais uma vez fiquei sem reação, voltou todos os sentimentos que já pudera ter guardado, escondido ou acreditado ter destruído.

     Acreditei em seus olhos, seus passos, ouvi sua voz me trouxe a outra realidade que deixei de existir, mesmo tendo sido muito curto nosso encontro foi extremamente esclarecedor para mim, o amor não acaba, não se esvai, não se destrói ou se esconde, o amor que não pertence a mais ninguém por mais que eu queria, eu sei tanto sobre o amor porque vivo com ele em meu coração, vivo e penso sobre. 

     Com você descobri o platônico amor que é essencialmente puro e desprovido de paixão, ao passo que este é essencialmente cego, material, efêmero e falso. O Amor, no meu ideal, não se fundamenta em um interesse, mas na virtude. Penso em quantas vezes eu errei e já magoei tentando transferir esse sentimento para outro alguém, até em fim perceber que era impossível. Você é meu ideal, minha ideia e o centro do meu universo, ao seu lado tudo é mais denso, lindo, eterno e claro.


Para: Anônima
De: Eduardo