Certa vez, entre um conto e outro, fui abordado por uma princesa curiosa e muito sagaz,
Essa desceu de sua carruagem para visitar esse humilde plebe e lhe perguntar:
P - Porque seus textos são tão melancólicos escritor?
E - Que pergunta difícil de responder minha princesa, para que entenda terei que explicar sobre mim primeiro.
P - Tudo bem, eu quero saber mais sobre você!
E - Primeiramente terá que imaginar alguém com uma capacidade específica mais aguçada do que a das outras pessoas que conhece, uma capacidade de se envolver com o mundo e as suas mais frágeis deturbações, a empatia com o próximo em um nível mais íntimo, uma importância real.
P - Não é difícil de imaginar esse cavaleiro de honra.
E - Agora, essa mesma pessoa nasceu com um problema em sua psiquê, em sua alma. Minha princesa, essa pessoa não consegue sentir emoções nem pelos demais ou por si mesma.
P - Que triste vida desse cavaleiro, ele deve ser bem vazio, não?
E - Bem, em seu ponto de vista, sim, mas lembre-se que ele nunca esteve cheio, então como poderia saber o que de fato é está vazio?
P - Entendi, ele não sabe que é vazio e mesmo assim ele consegue sentir todo o mundo a sua volta, como se preenchesse esse espaço que lhe falta, mas o que isso tem haver com a melancolia em seus textos meu caro escritor?
E - Minha princesa, tudo. Para uma pessoa vazia é fácil escrever sobre o que consegue ver, pegar, olhar e analisar. Perceba que sem as emoções próprias, não há o que atrapalhe em suas histórias ou passagens literárias, não existe envolvimento.
P - Sei que essa pessoa que está pedindo para imagina é você meu ilustre criador de sonhos, mas é verdade que não consegue sentir nenhuma emoção?
E - Sim, minha princesa, não possuo essa capacidade, porém sou dotado de um empatia muito mais forte do que os demais. Quando criança todos temos essa empatia isso nos possibilita a socialização, porém, ocorre que ao crescer essa particularidade se esvai, restando apenas resquícios.
P - Escritor, não sabia que você era assim.
E - A melancolia em meus textos retrata o mundo a minha volta, as pessoas com quem convivo, o convívio com outras espécies vivas, o tratamento, comportamento, atitudes, trejeitos e hoje a sociedade está assim, doente, sofrendo, com dúvidas, triste, melancólica.
P - Nossa, impressionante esse seu lado, impressionante e incomum. Já tenho que ir escritor, mas adoraria continuar essa conversa no futuro.
E - Será um prazer imensurável minha adorada alteza!