26/11/2013

Dependência Natural

Presos a uma ideia contínua que continua em mudanças constantes

Mal saiu de sua casa e já queria voltar, ao girar a chave na fechadura de sua casa, trancando-a de uma vez, começou a sentir um frio na barriga acentuada pelo medo. Uma sensação terrível de pânico crescia a cada passo que dava em direção ao carro, mesmo tendo todas as certezas necessárias, aquele simples movimento era tenso para sua natureza.

Sempre acostumado a ser uma pessoa correta, nunca corria riscos desnecessários, poderia até fazer uma lista das vezes que correu riscos e em qualquer que mencionaria nenhum seria realmente preocupante. Com uma aparente nervosismo respirou fundo, deu a partida em seu automotor e começou a andar. As paisagens repetidas da cidade o norteavam de lembranças nostálgicas, sua vida sempre tranquila e segura, pensamentos que o faziam segurar ainda mais forte no volante, tentando não parar o carro para voltar para casa.

Sabia que ia contra tudo que sempre viveu e mesmo assim ele continuou, ele queria mudar, todas as sensações ruins que sentiam poderiam ser um aviso ou apenas um empecilho que o atrapalharia de encontrar a verdadeira felicidade. Mesmo com todos os motivos, continuar era seu único objetivo, não se deixava levar pela imaginação, nem pela frieza da razão, apenas queria continuar indo na direção que fora marcada anteriormente.

Algumas horas de viajem depois, suas mãos estavam frias, seu olhar centrada a frente da porta onde buzinou apenas duas vezes, esperava no fundo de seus pensamentos que ninguém tivesse ouvido, apertava com tanta força o volante que parecia querer arranca-lo. Ouve a porta se mexer, pensa que aquele era o ultimo minuto para escapar, sair queimando pneu daquele lugar e nunca mais voltar.


A porta é aberta...