Presos a uma ideia contínua que
continua em mudanças constantes
Mal saiu de sua casa e já queria
voltar, ao girar a chave na fechadura de sua casa, trancando-a de uma vez,
começou a sentir um frio na barriga acentuada pelo medo. Uma sensação terrível de
pânico crescia a cada passo que dava em direção ao carro, mesmo tendo todas as
certezas necessárias, aquele simples movimento era tenso para sua natureza.
Sempre acostumado a ser uma pessoa
correta, nunca corria riscos desnecessários, poderia até fazer uma lista das
vezes que correu riscos e em qualquer que mencionaria nenhum seria realmente
preocupante. Com uma aparente nervosismo respirou fundo, deu a partida em seu
automotor e começou a andar. As paisagens repetidas da cidade o norteavam de
lembranças nostálgicas, sua vida sempre tranquila e segura, pensamentos que o
faziam segurar ainda mais forte no volante, tentando não parar o carro para
voltar para casa.
Sabia que ia contra tudo que sempre
viveu e mesmo assim ele continuou, ele queria mudar, todas as sensações ruins
que sentiam poderiam ser um aviso ou apenas um empecilho que o atrapalharia de
encontrar a verdadeira felicidade. Mesmo com todos os motivos, continuar era
seu único objetivo, não se deixava levar pela imaginação, nem pela frieza da
razão, apenas queria continuar indo na direção que fora marcada anteriormente.
Algumas horas de viajem depois, suas
mãos estavam frias, seu olhar centrada a frente da porta onde buzinou apenas
duas vezes, esperava no fundo de seus pensamentos que ninguém tivesse ouvido, apertava
com tanta força o volante que parecia querer arranca-lo. Ouve a porta se mexer,
pensa que aquele era o ultimo minuto para escapar, sair queimando pneu daquele
lugar e nunca mais voltar.
A porta é aberta...