25/11/2013

Mar de Lembranças

Uma brincadeira de mau gosto que poderia mal ter acontecido.

Brincar com a sorte é, felizmente, o que faço de melhor, nada é mais emocionante do que jogar dados para cima, sem a interferência direta de ninguém, ver os valores caírem aleatoriamente e independente do resultado cada número representará uma ação diferente, algumas esperadas e outras completamente inusitadas. Adoro essa sensação de poder, poder decidir que minha vida não é baseada em fatos comprovados e cada ação será apenas seguida como uma linha reta, logo não será favorável e irei perder, logo não terei mais uma segunda terceira chance, logo perderei tudo novamente, como sempre perco.

Ela quis dizer que nada era tão fantástico quanto o nosso amor, nada era mais belo e surreal, nada se passava claro e limpo como deveria ser, éramos dois e hoje não somos nem a sombra um do outro, porque o nosso amor fantástico acabou inesperadamente, simplesmente acabou, como se eu tivesse jogado para cima e caído na posição errada, durou enquanto fui favorecido e depois acabou e se despedaçou em milhares de pedaços, milhares e enormes pedaços, porque nosso amor podia não ser fantástico, mas com certeza era enorme.

A música parou de tocar e logo o choro retornou a lembrança, a imagem o pegou desprevenido causando aquela sensação de náusea, desde o trágico momento não houvera um dia que não pensara em visitar o túmulo daquela que fora tão importante em sua vida, mas antes, nos portões do cemitério a dor que arde no peito, as lágrimas e as forças, tudo escapa, prefere fechar o olhos e imaginar que ela ainda está viva, lhe aconselhando e contando as fofocas como adoravam passar os momentos, lembrando das vezes que o ensinava a cozinhar e brigava calmamente quando errava, era tão bom e estranho ver alguém calmo em uma briga, quando estava com ela me sentia muito mais do que importante, me sentia parte de uma família.

A voz ecoou pela casa enquanto a loucura dominava seu coração, dor e angústia tomaram toda sua noite, uma vez de cada vez era o que tentava pensar, mas os demônios estavam dentro dele naquele dia e não existia fé suficiente para afastar todo àquele mal de sua mente. Os demônios o impediam de pensar e sinceramente naquele momento ele preferia esquecer quem era e simplesmente deixar tudo passar. Foi exatamente o que aconteceu; tudo passou e por alguns minutos nada existia, como se estivesse em outro lugar, como se não houvesse mais problemas para se preocupar. Quando percebeu que ali era apenas mais um sonho, caiu em seu consciente e voltou.


Lembranças ao vento.