Tomar como obrigação um momento de felicidade também é fazer com que
seu sentido seja perdido.
Pediu para muitos céus diferentes um caminho para
seguir e nenhuma resposta conseguiu compreender, se, é claro, foi respondido.
Nessa brincadeira de viver, não encontra nada mais que obrigações mesmo que talvez
goste da rotina de todos os dias, sem imaginar o quanto atrapalha seu
desenvolvimento e desempenho, já que é um ser livre que tenta em uma vida
encontrar seus significados, uma paixão maior do que as paixões atuais.
Hoje o vi olhando para cima chorando, tentei
conforta-lo, mas de nada adiantou, sou invisível para ele e não consigo compreender
porque não me deixa ajuda-lo, gostaria de atender seus pedidos e dar os
significados que tanto deseja, mas não posso, nunca mais poderei, não depois de
ter morrido.
Era uma noite tranquila, o céu estava estrelado, na
televisão nada me atraia, porém na cozinha tinha uma faca e estava disposta a
cortar meus pulsos, não me preocupei com a reação da minha família ou com o que
aconteceria com meu namorado, apenas me tranquei no banheiro e tomei o ultimo
banho da minha vida, em uma banheira cheia de sangue, meu sangue.
Hoje estou com ele aqui, ao seu lado, mas não posso
toca-lo e dizer que está tudo bem, que aqui não dói, que quero que continue a
vida e me esqueça, que meu egoísmo não deveria estragar a sua vida como
estragou a minha, queria apenas poder tirar ele de cima daquela ponte, para que
não se machuque na queda, mas ele não me ouve, não me escuta.
Um dia ainda nos encontraremos, sei que sim, não sei
quando ou porque, apenas que nessa vida não fomos felizes, mas com certeza seremos em uma próxima. Achei que com sua morte ficaríamos
juntos novamente, mas ele foi para outro lugar quando me viu, ele me rejeitou e
partiu, dizendo apenas um adeus morto e frio.