Quando resolve parar de mentir para si mesmo e para o mundo algo começa a
mudar por dentro, primeiramente pelo sofrimento. A adaptação é muito dolorosa,
começando por uma sensação desagradável de desconforto e estendendo até começar
a duvidar as certezas já postuladas sobre si mesmo. Incertezas tomam por
completo suas virtudes, novas dúvidas aparecem sobre inverdades que costumava
acreditar e por fim começamos a ver um mundo de dor e sofrimento no qual a
realidade de todos é a mais absurda mentira.
Poucos são aqueles que conseguem suportar a pressão da verdade, por isso
muitos acabam voltando a acreditar nas ilusões projetas para manipular e
controlar a massa. Propagandas de um mundo perfeito, promessas milagrosas e
campanhas extraordinárias, idealização dos sonhos através da educação, uma
simples táticas, fazer todos desejarem o mesmo objetivo, despertando a
individualidade e competitividade inerente ao ser e consequentemente a
frustração por não haver espaço suficiente para todos. Chegando nesse ponto é
começada a segunda etapa, manter o sonho aceso mesmo como todos os indícios de
falha, trabalho realizado pela mídia, essa parte é um pouco mais complexa, pois
exige um conhecimento e estudo popular, análise de transições e tendências
formadas pela escolha dos espelhos de quem devemos querer ser, que chamados
carinhosamente de celebridades, a esses ficam o trabalho de provar que o
esforço será recompensado, porém sempre existirão aqueles que desistirão de
tentar ou perceberão a falha e irão descontinuar o sistema. Um erro muito grave
resolvido com outra ação muito simples, a ordem religiosa formada através dos tabus
inseridos na educação sobre as perspectivas futuras e incertezas, garantindo a recompensa
depois da vida, o que é incontestável, afinal ninguém nunca voltou a viver para
dizer se é verdade ou não.
Quando alguns poucos conseguem aceitar a realidade e concordam em
cooperar com o sistema, começa a segunda parte da transformação, o ponto em que
começaremos a perder nossa capacidade de sentir emoções, o ódio será destruído
pela cumplicidade com o sistema; a pena será um autorretrato; a felicidade
engolida pela destruição das virtudes; a esperança destruída pela falta da fé;
o amor esmagado pelo pela falta de todas as outras emoções. Para aqueles que
conseguem aceitar a realidade e não querem abrir mão dos seus sentimento e
virtudes sobra o horror do medo e o desespero da loucura, depressão e suicídio.
Sobrando apenas um grupo minúsculo de pessoas chegamos a terceira etapa
do processo que é dividida em três partes. Os monstros, aqueles que usam a
verdade e manipulam suas várias interpretações, causam principalmente mal aos
que estão ao seu lado; Os iluminados, por passarem a maior parte do tempo
preocupados com os demais e muito pouco consigo mesmo, sempre se sacrificam
além de suas capacidades para trazer respeito e cordialidade a todos; Os
imparciais, formando o menor grupo tem como característica principal as
atitudes sem motivo ou sentido aparente, contudo sempre meticulosos em seus
objetivos, não havendo uma balança entro o que é socialmente certo ou errado o
que aumenta significativamente a periculosidade de seus atos.
Sobre todos os aspectos negativos também existe algo de grande importância
a ser destacado, as pequenas cosias, detalhes desapercebidos à
maioria, o pequeno movimento que o vendo faz, o suave som do silêncio, a queda
de uma folha, a respiração a exalar dos pulmões, os passos no chão, a natureza
a viver, o homem a correr, os peixes a nadarem, os mitos a surgirem, as ideias
a serem constituídas e formatadas, os contos a serem lidos, os textos a serem escritos,
a ligação que existe entre o mundo e o que existe nele, detalhes que só podem
ser vistos claramente por que não está cego pelas mentiras.