12/03/2014

Imergindo em Vida | Parte 1


Demorou muito para entender a presença marcante daquele que a todos os momentos o observava, sabia que os segundo contavam contra e o pavor consumia aos poucos sua consciência, desespero agora era sua palavra definitiva. Com a certeza que um final nada adorável o esperava decidiu ficar ali, preso em sua gaiola, isolado, com seu medo desprezível por tudo que ainda acontecerá.
Poucos dias foram necessários para aquele medroso acreditar que estava começando a ficar louco e então sair de sua mansão paradisíaca no meio da cidade de pedra para uma jornada embarcar. Imaginava os feitos que podia fazer e as grandes coisas que realizaria se destemido fosse, em sua mente existia apenas uma lembrança dos dias que passara confinado, o momento em que conseguiu finalmente dormir e escapar daquele lugar horrível.
Começa a caminhar indefinidamente para qualquer lugar, tudo parece do mesmo jeito, mas com um toque diferente. Caminhou até a biblioteca para saber o que estava acontecendo, no balcão encontrou uma mulher jovem de pele clara e limpa, cabelos compridos e sedosos levemente dourados, blusa vermelha decotada estufando seus abundantes seios, saia justa e curta o que deixava ainda mais expressivo as curvas do seu corpo, com óculos de armação quadrada sobressaindo um presença intelectual.
 Dirigiu até o atendimento bastante impressionado e perguntou, “A senhoria sabe de algo?”, a bela donzela dirigiu um olhar fundo e provocante com um toque de sedução enquanto respondia deliciosamente, “Claro que eu não sei, mas podemos descobrir”, colocou o braço sobre o balcão devagar induzindo uma protuberância ainda maior e mais sensual dos seus peitos, segurou o monitor que estava ao seu lado com uma das mãos enquanto a outra ficava fazendo movimentos circulares no balcão de madeira, virou o monitor e falou com um expressão de séria, “Tudo que procura começou aqui”.
Olhou para o monitor e então começou a ficar mais uma vez nervoso por não conseguir identificar nada além de um borrão de cores que compunham uma imagem sendo essas em linha e em sequência azul, vermelho, amarelo, azul novamente, verde e vermelho mais uma vez. Seu coração começou a acelerar mais uma vez e com as mãos suadas e tremulas digitou no teclado vermelho, “Rua 22 número 07, bairro Casa Nova, Cidade Logo, CEP 90190-190”. Um forte barulho de sirene começou a ressoar por toda a biblioteca enquanto a recepcionista acenava com as mãos dizendo adeus. Ainda atordoado com o barulho resolve deitar no chão e começa a fechar os olhos bem devagar.
Acorda abruptamente sentindo muita dor na região abdominal que o impede a movimentação, começa a olhar ao redor para identificar o ambiente e percebe que esta deitado em uma maca do hospital na ala do pós-operatório, sua cintura foi completamente enfaixada e ao seu lado tem uma máquina dosadora de drogas, o que o faz acreditar está sendo dopado com morfina. Tomando ciência de seu estado procura pelo alarme das enfermeiras na bancada ao lado da cama, encontra e o pressiona.

Alguns segundos depois aparece uma enfermeira com uma prancheta em mãos dirigindo-se até o leito, com um simples e simpático sorriso de preocupação, colocando a prancheta na bancada vai até o regulador da máquina de dosagem e aumenta a quantidade, olhado com uma cara triste alisa o cabelo do enfermo e ressalta sua pena dizendo, “pobrezinho, mas um que é vítima desses criminosos, espero que fique bem”. Outra enfermeira entra correndo na sala e pergunta a sua colega de trabalho “O que houve para você apertar o alarme?” a colega não compreende a pergunta e responde que não apertou em nenhum alarme, então as duas começam a procurar pelo alarme que não estava na bancada e o encontram no outro lado da sala com o fio arrancado.