Demorou muito
para entender a presença marcante daquele que a todos os momentos o observava,
sabia que os segundo contavam contra e o pavor consumia aos poucos sua
consciência, desespero agora era sua palavra definitiva. Com a certeza que um
final nada adorável o esperava decidiu ficar ali, preso em sua gaiola, isolado,
com seu medo desprezível por tudo que ainda acontecerá.
Poucos dias
foram necessários para aquele medroso acreditar que estava começando a ficar
louco e então sair de sua mansão paradisíaca no meio da cidade de pedra para
uma jornada embarcar. Imaginava os feitos que podia fazer e as grandes coisas
que realizaria se destemido fosse, em sua mente existia apenas uma lembrança
dos dias que passara confinado, o momento em que conseguiu finalmente dormir e
escapar daquele lugar horrível.
Começa a
caminhar indefinidamente para qualquer lugar, tudo parece do mesmo jeito, mas
com um toque diferente. Caminhou até a biblioteca para saber o que estava
acontecendo, no balcão encontrou uma mulher jovem de pele clara e limpa, cabelos
compridos e sedosos levemente dourados, blusa vermelha decotada estufando seus
abundantes seios, saia justa e curta o que deixava ainda mais expressivo as
curvas do seu corpo, com óculos de armação quadrada sobressaindo um presença
intelectual.
Dirigiu até o atendimento bastante
impressionado e perguntou, “A senhoria sabe de algo?”, a bela donzela dirigiu
um olhar fundo e provocante com um toque de sedução enquanto respondia
deliciosamente, “Claro que eu não sei, mas podemos descobrir”, colocou o braço
sobre o balcão devagar induzindo uma protuberância ainda maior e mais sensual
dos seus peitos, segurou o monitor que estava ao seu lado com uma das mãos
enquanto a outra ficava fazendo movimentos circulares no balcão de madeira,
virou o monitor e falou com um expressão de séria, “Tudo que procura começou
aqui”.
Olhou para
o monitor e então começou a ficar mais uma vez nervoso por não conseguir identificar
nada além de um borrão de cores que compunham uma imagem sendo essas em linha e
em sequência azul, vermelho, amarelo, azul novamente, verde e vermelho mais uma
vez. Seu coração começou a acelerar mais uma vez e com as mãos suadas e
tremulas digitou no teclado vermelho, “Rua 22 número 07, bairro Casa Nova,
Cidade Logo, CEP 90190-190”. Um forte barulho de sirene começou a ressoar por
toda a biblioteca enquanto a recepcionista acenava com as mãos dizendo adeus.
Ainda atordoado com o barulho resolve deitar no chão e começa a fechar os olhos
bem devagar.
Acorda
abruptamente sentindo muita dor na região abdominal que o impede a
movimentação, começa a olhar ao redor para identificar o ambiente e percebe que
esta deitado em uma maca do hospital na ala do pós-operatório, sua cintura foi
completamente enfaixada e ao seu lado tem uma máquina dosadora de drogas, o que
o faz acreditar está sendo dopado com morfina. Tomando ciência de seu estado
procura pelo alarme das enfermeiras na bancada ao lado da cama, encontra e o pressiona.
Alguns
segundos depois aparece uma enfermeira com uma prancheta em mãos dirigindo-se
até o leito, com um simples e simpático sorriso de preocupação, colocando a
prancheta na bancada vai até o regulador da máquina de dosagem e aumenta a
quantidade, olhado com uma cara triste alisa o cabelo do enfermo e ressalta sua
pena dizendo, “pobrezinho, mas um que é vítima desses criminosos, espero que
fique bem”. Outra enfermeira entra correndo na sala e pergunta a sua colega de
trabalho “O que houve para você apertar o alarme?” a colega não compreende a
pergunta e responde que não apertou em nenhum alarme, então as duas começam a procurar
pelo alarme que não estava na bancada e o encontram no outro lado da sala com o
fio arrancado.