Masters
of war - Bob Dylan
Não se passa um dia que não pense em minha queria,
muito cedo partiu desse mundo, ainda existia tantos sorrisos que deveria dar,
tanta alegria para espalhar, tanta luz para carregar.
Incontáveis vezes antes de colocá-la para
dormir contei uma história de um lugar diferente, onde as pessoas brigavam e
perdoavam, onde existia um céu azul para ser olhado e a paz para se divertir.
Pouco tempo se faz desde a última vez que
vir seu rosto lindo e ouvir sua voz meiga, segurei em seus cabelos
encaracolados e a coloquei no colo brincando com sua barriguinha e a fazendo
rir sem nenhuma preocupação.
Ainda choro todas as vezes que lembro que
nunca mais poderei a ter comigo, quando lembro que não consegui cumprir com
aquela promessa que todos os pais fazem quando sentem um filho nos braços pela
primeira vez, a de protege-los custe o que custar, custe a vida, a dignidade, a
razão, tudo. Sentimento esse que apenas os pais pode sentir pelos seus filhos.
Já nem sei mais o motivo da guerra, acho que
alguém explodiu alguma coisa de outra pessoa muito importante então todos
começaram a brigar entre si e a loucura começou. Nos primeiros anos o fogo
estava por todos os lados, carros explodiam, aviões caiam, prédios desmoronavam,
gritos de dor ecoavam nas ruas e quando parecia que não podia piorar, o surto
de doenças começou se espalhar.
Não existia mais ordem para seguir e aqueles
que tentassem se agrupar eram mortos por eles mesmo depois de um tempo, a
loucura é uma praga pior do que qualquer vírus ou doença que pudesse existir,
ela tirou nossa humanidade, nossa razão, nossa consciência do certo ou errado.
Em pouco tempo não existia mais humanidade
para ser salva, não existia esperança, fé ou qualquer motivo para sobreviver.
Tudo que já foi importante um dia morreu ou foi completamente esmagado pela
vida.
Por pior que possa parecer, nada se compara
ao dia em que vi minha filha de sete anos olhar para mim com seu sorriso, com
suas roupas sujas de terra e seu aviãozinho de papel que tinha acabado de fazer,
ser morta em minha frente por sua própria mãe com uma facada em seu peito. Ela
veio correndo gritando como se estivesse fugindo de algo, tentei para-la mas
ela conseguiu esquivar e foi em direção a nossa filha quando aplicou o golpe em
seu peito e em seguida veio à minha direção correndo.
Tentando me esfaquear ela pulou e mesmo
conseguindo jogar a faca de suas mãos que vinha em direção ao meu peito, não
pude evitar o impacto e a queda. Caímos juntos, tentei a segurar mas ela
começou a me golpear então a empurrei de cima de mim. Só que não
percebi que havia empurrado na mesma direção que a faca estava.