Estendeu ao máximo as mãos, achou que conseguiria alcançar, mas não
conseguiu. Subiu ainda mais alto e mesmo com todos os perigos não pode evitar, precisava
tocar pelo menos uma vez, sentir seu calor passando por seu corpo.
Não percebeu que enquanto subia também ficava mais pesado, perdeu o
controle e rapidamente começou a desacelerar até que parou. Entrou em desespero
enquanto caia, não sabia como voltar. Desceu bruscamente perdendo boa parte da energia
até começar a planar novamente, mas não conseguiria com o que sobrou ganhar
altitude com facilidade.
Acabara de escrever a última linha do pergaminho de sua vida. Muito
abaixo do que deveria estar, suas asas de cera começaram a endurecer com a
maresia impedindo que as dobrasse para ganhar impulso novamente e altitude
conquistar. Percebeu que estava a cair novamente e dolorosamente viu o trágico
destino que o esperava. Fechou os olhos e em fé orou.
“Pai, perdão por ser um filho desmerecedor de sua graça. O senhor
fora o melhor e mais atencioso, trouxe conhecimentos diversos sobre a vida e
sobre quem sou, mas como um mal filho não escutei e agora que estou a padecer
percebo meu erro e me arrependo de minhas escolhas. Por favor não sofras por
mim, não quero e nunca quis que a dor invadisse seu coração, mesmo que minhas
ações dissessem o contrário, sou um filho ruim e peço perdão por mais esse
sofrimento. Adeus meu pai, sempre o amarei, Ícarus.”